sábado, 12 de junho de 2021

Joaquim Barbosa e Danilo Gentili são citados como opções de terceira via em 2022

Humorista pode ser candidato pelo Partido Novo

Rodrigo Glejzer

Fonte: gazetadopovo.com.br

Em: 08/06/2021

 

Gentili foi sondado pelo Partido Novo
Imagem: veja.abril.com.br

Lideranças políticas que tentam costurar uma candidatura única de centro para enfrentar Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 2022 buscam novos apoios para o projeto. Agora, nomes como do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, da ex-ministra Marina Silva (Rede) e do humorista e apresentador de TV Danilo Gentili entraram no radar do grupo que busca uma terceira via.

Recentemente, um manifesto a favor da democracia assinado por Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e pelo apresentador de TV Luciano Huck foi tido como embrião dessas negociações. Mas até o momento não há definição de um nome de consenso.

Filiado ao PSB, Joaquim Barbosa chegou a ensaiar uma candidatura em 2018, mas acabou recuando. Desde então vem acompanhando as movimentações políticas e participou de conversas com Huck e mais recentemente se aproximou de Ciro Gomes.  Dentro do seu partido, uma ala considerava Barbosa como uma boa alternativa como vice na chapa de Huck, já fora da disputa depois de renovar com a Globo.

Apesar de defender uma candidatura única como forma de derrotar Bolsonaro e Lula na disputa do ano que vem, o ex-candidato à Presidência e fundador do partido Novo João Amoêdo passou a defender a candidatura de Danilo Gentili ao Palácio do Planalto. Sem filiação partidária, o apresentador apareceu com cerca de 4% das intenções de votos em uma pesquisa do Movimento Brasil Livre (MBL).

Gentili apareceu empatado com outros nomes como de João Doria, Eduardo Leite e Mandetta. Apesar de não cravar se quer entrar na disputa, o humorista tem mantido conversas com Amoêdo e outras lideranças políticas. Uma possível filiação do humorista ao Novo também tem sido bem vista por integrantes do MBL. O grupo pleiteia lançar diversas candidaturas ao Congresso em 2022 por um único partido e uma candidatura do ex-CQC poderia favorecer seus candidatos.

As conversas têm contado com a participação do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) e de André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, ex-aliado da família Bolsonaro. Gentili deixou em aberto as possibilidades de disputar o Planalto em 2022.

Lula confirma candidatura presidencial em entrevista a revista francesa

Petista fala pela 1ª vez como candidato: “Não hesitarei”, afirma ex-presidente

Rodrigo Glejzer

Fonte: poder360.com.br

Em: 24/05/2021

O ex-presidente Lula (PT) confirmou, pela 1ª vez, sua candidatura presidencial nas eleições de 2022. Em entrevista concedida a uma revista francesa, o petista disse que “não hesitará” em disputar o pleito contra o atual presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi feita à Paris Match, publicação impressa que circula na capital francesa. A entrevista foi publicada nesta quarta-feira (19). 

Questionado literalmente se será candidato nas eleições de 2022, Lula respondeu: “Se estiver na liderança das pesquisas para ganhar as eleições presidenciais e gozando de boa saúde, sim, não hesitarei”. Presidente Lula em 2022, é possível?”, perguntou a revista francesa. “Sim é possível. Basta fazer a pergunta para povo brasileiro”, disse Lula. “Acho que fui um bom presidente. Criei laços fortes com a Europa, América do Sul, África, Estados Unidos, China, Rússia.” pontuou. “Sob meu mandato, o Brasil tornou-se um importante ator no cenário mundial, notadamente criando pontes entre a América do Sul, África e os países árabes, com o objetivo de estabelecer e fortalecer uma relação Sul-Sul e demonstrar que o predomínio geopolítico do Norte não é inexorável”, declarou. 

Lula em comício no ano passado
Imagem: ootimista.com.br

O ex-presidente também respondeu sobre a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que anulou suas condenações feitas pela operação Lava Jato. Lula voltou a criticar a conduta do ex-juiz Sergio Moro nos processos. “Em meu 1º depoimento, disse ao juiz Moro: ‘Você está condenado a me condenar porque a mentira foi longe demais e você não tem como voltar atrás’. Essa mentira realmente envolveu um juiz, promotores e a grande mídia do país, os quais me condenaram antes mesmo de eu ser julgado.  O que eles não sabiam é que estou pronto para lutar até o último suspiro para provar que se uniram para me impedir de ir às eleições”, afirmou.

A relação diplomática entre Brasil e França também foi tema da entrevista de Lula. Ele falou sobre a importância do cultivo da amizade entre os 2 países. “Acho que a relação entre os nossos dois países sempre foi extraordinária, excepcional! Acho que tem que continuar assim, apesar das diferenças ocasionais. O Brasil não deve procurar entrar em conflito com nenhum país. Nossa última guerra foi contra o Paraguai há 150 anos”

“Posso ter divergências com o presidente dos Estados Unidos, mas não devo perder de vista que devo manter relações diplomáticas com ele para garantir a democracia, a política de desenvolvimento, as relações comerciais, a ciência e a tecnologia”, concluiu.

Encontro de FHC e Lula desagrada articuladores de "terceira via" contra Bolsonaro

Ex-presidentes agitam política nacional com foto juntos

Rodrigo Glejzer

Fonte: noticias.yahoo.com, brasil.elpais.com e correiobraziliense.com.br

Em: 24/05/2021

 

Encontro histórico entre os ex-presidentes
Imagem: diariodocomercio.com.br

A foto dos dois ex-presidentes juntos foi compartilhada nas redes sociais do petista por sua assessoria. A postagem revela que a articulação do encontro foi do ex-ministro Nelson Jobim: “A convite do ex-ministro Nelson Jobim, o ex-presidente Lula e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se reuniram para um almoço com muita democracia no cardápio”.

“Os ex-presidentes tiveram uma longa conversa sobre o Brasil, sobre nossa democracia, e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia”, relatou a equipe de Lula. Os dois não se encontravam desde 2017, quando Fernando Henrique foi ao hospital visitar Marisa Letícia, ex-primeira-dama. A postagem correu como pólvora no dia, ainda mais com um público órfão da principal atração política do momento, a CPI da Pandemia que encurrala, pelo menos midiaticamente, o Governo Bolsonaro.

“Nossas diferenças são muito menores do que o nosso dever histórico de derrotar Bolsonaro”, escreveu o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), e um dos atraídos para renovada galáxia de Lula. “É hora de dialogar e construir consensos, porque o que está em jogo é a democracia e a vida dos brasileiros. Parabéns a Lula e FHC pelo gesto de grandeza e responsabilidade com o país”, seguiu. A interpretação de Freixo é a mais óbvia: a aproximação pode sanar um problema de todos os ensaios de “frente ampla” contra Bolsonaro.

Não havia os dois líderes em nenhum dos movimentos que surgiram até agora. FHC, no entanto, teve que lidar com um efeito colateral do seu gesto em seu próprio partido, o fraturado PSDBO encontro contrariou políticos que tentam viabilizar uma “terceira via” contra Jair Bolsonaro na eleição de 2022. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, uma das lideranças envolvidas no diálogo entre as diversas forças de centro e centro-direita diz que o PSDB precisa ir para o divã resolver suas questões. Alguns deles culpam o ex-ministro Jobim, que recebeu os dois em sua casa, de ter agido de má-fé ao promover a reunião sabendo que FHC, sendo de “boa-fé”, não recusaria.

A legenda, afirmou o PSDB à publicação do Yahoo, tem hoje três pré-candidatos, porém o mais viável deles, o governador de São Paulo João Doria, aparece com 3% nas pesquisas. O grupo de pré-candidatos ainda inclui o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o ex-ministro Ciro Gomes, o fundador do partido Novo, João Amoedo, e o apresentador Luciano Huck. A sexta-feira (21) foi de reação dos aspirantes a candidato tucano à presidente no ano que vem, o governador de São Paulo, João Doria, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Diretório do PSDB em polvorosa por causa do encontro
Imagem: psdb.org.br 

O mandatário gaúcho foi explícito: “Conversar com todos é premissa de quem deseja o fim do ‘nós contra eles’. Mas eu não aceito que o Brasil ande pra trás. Confio que Fernando Henrique Cardoso também não”. Ato seguido, o ex-presidente tucano teve que ir às redes se explicar: “PSDB deve lançar candidato próprio e o apoiarei”. Se a sigla, que teve a pior performance em uma presidencial em 2018 com Geraldo Alckmin, não avançar para o mata-mata eleitoral, aí FHC aperta 13 na urna, ele insistiu. A chateação pública dos tucanos explicita um problema evidente desde que o ex-presidente Lula recuperou os direitos políticos entre março e abril, quando o STF deu uma guinada em seu posicionamento e anulou as condenações do petista no âmbito da Operação Lava Jato. 

Lula começa a demonstrar fortaleza nas pesquisas (desde a liderança do petista em um eventual segundo turno, como no levantamento do Atlas, até a ampla dianteira que aparece nos últimos dados do Datafolha). Com o ex-presidente de novo no páreo e com Bolsonaro ainda demonstrando notável resiliência entre sua base, ficou reduzido o espaço para novos nomes de “centro” —entre aspas, porque a maioria são nomes de direita, numa posição relativa ao extremo do atual mandatário.

Nas atuais pesquisas, tomadas com um grão de sal pela distância do pleito, em outubro de 2022, nenhum nome desse “centro” ou nem-nem (nem Lula nem Bolsonaro) desponta. Como mostrou a pesquisa Atlas para o EL PAÍS, o governador Doria não decola nem mesmo no Estado que governa e apesar de seu bem-sucedido papel na campanha de vacinação contra a covid-19. Andrei Roman, CEO do Atlas, vê em Leite, no entanto, um potencial como efeito surpresa, dado que não é conhecido no país e não tem rejeição para unir as forças de centro contra a polarizaçãoÉ neste contexto que a eleição presidencial, até o momento, se configura como batalha das rejeições. Quem é maior: o antipetismo, como em 2018, ou o antibolsonarismo?

Contrato milionário fez Luciano Huck desistir da presidência

Apresentador será o comunicador mais poderoso da TV brasileira em 2022

Rodrigo Glejzer

Fonte: observatoriodatv.uol.com.br e jornaldocomércio.com

Em: 24/05/2021

A nova atração de Luciano Huck na grade de domingo da Globo já entrou em pré-produção. Mas o projeto segue sob sigilo nos bastidores da emissora. Nada pode ser revelado para a imprensa antes do tempo. A única certeza é que o novo programa do marido de Angélica deve estrear no dia 02 de janeiro de 2022.

Uma semana após a despedida de Fausto Silva do comando de seu ‘Domingão’ que será descontinuado no próximo dia 26 de dezembro. Após assinar um novo vínculo com a emissora dos Marinho, Luciano Huck se tornará o apresentador mais bem pago da televisão brasileira em 2022. Já que o salário mensal do comunicador ficará na casa de três milhões e meio de reais. Mesmo com um contracheque ‘baixo’ em relação aos cinco milhões de reais que Fausto Silva reembolsa mensalmente, Luciano deve aumentar esse valor com publicidade.  Já que Huck estará na maior vitrine da televisão brasileira: as noites de domingo da TV Globo.

Na Band, Faustão terá um salário na faixa de dois milhões de reais. Sendo assim, Luciano será o comunicador mais poderoso da televisão do Brasil em 2022. A escolha de Luciano Huck para os domingos da Globo foi um desejo dos publicitários que temiam uma queda no faturamento anual destinado às tardes/noites da emissora carioca após Fausto Silva não renovar o seu contrato com a toda poderosa.  

Assim, Huck abandona a corrida eleitoral, algo que desagradou partidos que almejavam tê-lo como seu candidato em 2022 devido a sua popularidade. O Partido Novo seria uma das siglas interessadas no passe da estrela televisiva. Inclusive o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a declarar que o apresentador e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), seriam o “novo” no cenário político brasileiro.

Além do mais, segundo pesquisa Ipsos, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, Huck e o juiz Sérgio Moro são as únicas personalidades mais populares do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2021

Huck será dono das noites de Domingo na Globo
Imagem: rd1.com.br




Pré-candidatos ao Planalto em 2022 entram em clima de campanha eleitoral

Brasileiros só vão às urnas para escolher o próximo ocupante do Palácio do Planalto em outubro do ano que vem, mas a movimentação de pré-candidatos está a todo vapor. Bolsonaro e Lula polarizam o embate antecipado

Rodrigo Glejzer

Fonte: correiobraziliense.com.br

Em: 24/05/2021

 

A pouco mais de um ano da corrida presidencial de 2022, o clima de campanha eleitoral já domina o país, com intensa movimentação de pré-candidatos e das forças políticas que vão participar do pleito. Mesmo com muito chão pela frente, a largada foi dada antes do apito oficial, e resta saber quem terá a energia necessária para cruzar a linha de chegada na frente. Em nenhum outro momento, desde os primórdios da redemocratização, a disputa rumo ao Planalto começou tão cedo.

O presidente Jair Bolsonaro e seus principais adversários aprofundam o debate eleitoral, enquanto o cenário para 2022 fica cada vez mais definido. O chefe do Executivo enfrenta o momento mais difícil do seu mandato, com o início das investigações da CPI da Covid do Senado coincidindo com os piores índices de popularidade até agora.

Focado no projeto de reeleição desde que tomou posse, o capitão reformado tem pela frente uma batalha difícil, com os adversários explorando fortemente as falhas do governo durante a pandemia.

Lula e Bolsonaro: os dois principais candidatos para 2022
Imagem: poder360.com.br

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve condenações anuladas e os direitos políticos restabelecidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), intensifica as conversas com forças de centro, em busca de alianças eleitorais.

Os interlocutores incluem até adversários históricos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ). Lula também tem feito uma ação diplomática paralela, em contato com embaixadores e lideranças mundiais, explorando as deficiências da política externa do atual governo. Em uma situação de crescente isolamento internacional, o Brasil não tem conseguido receber da China e da Índia os insumos necessários para a produção de vacinas contra o novo coronavírus. A questão dos imunizantes foi a principal pauta tratada pelo petista com os interlocutores estrangeiros.

Em outra frente, rompido com Lula, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disputa com o petista possíveis alianças com forças de centro. Também já começou a organizar a estrutura com a qual pretende concorrer no ano que vem. Dela faz parte a consultoria do publicitário João Santana, que foi o marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula, em 2006, e de Dilma Rousseff (PT), em 2010 e 2014, e condenado na Operação Lava-Jato.

No PSDB, a movimentação também é intensa. Os tucanos deram a largada no processo que vai definir o candidato do partido na próxima eleição presidencial. Por pressões de João Doria, uma prévia para a escolha do nome foi marcada para 17 de outubro, embora parte da legenda defenda que isso só deva ocorrer no ano que vem. Além de Doria, estão no páreo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; o ex-prefeito de Manaus (AM) Arthur Virgílio e o senador Tasso Jereissati (CE). Este último tem tido grande projeção por ser um dos 11 titulares da CPI da Covid.

A antecipação do debate eleitoral começou logo depois de Bolsonaro receber a faixa presidencial. Ainda no início de 2019, ele deixou claro que concorreria a um novo mandato e trouxe para o governo a polarização com as forças de esquerda que marcou a campanha vitoriosa do ano anterior.

Essa movimentação levou outros personagens a também anteciparem seus projetos eleitorais, o que provocou o rompimento do presidente com antigos aliados, como Doria e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.  A disputa política ficou ainda mais acirrada após o início da pandemia da covid-19, com a escalada de ataques de Bolsonaro contra governadores e prefeitos que seguem as recomendações científicas para conter o avanço do novo coronavírus.

Eduardo Leite: uma das esperanças da terceira via
Imagem: jornalnh.com.br

Pioneiro do marketing político brasileiro, cientista político e especialista em comportamento eleitoral, Antônio Lavareda disse que a antecipação de campanha eleitoral é sempre negativa para os governantes, pois gera desconfianças nos eleitores. Por outro lado, na sua visão, o fenômeno é positivo para a sociedade, que têm mais tempo para avaliar os perfis dos concorrentes.

“A estratégica básica dos governantes é tentar restringir ao máximo a campanha para o ano da eleição e, mais ainda, para o segundo semestre do ano eleitoral. Quando procurados pela imprensa, se você for pesquisar as declarações de governantes, sejam governadores, prefeitos ou presidente, no ano anterior à eleição, você vai ver geralmente eles dizendo que ‘Esse é o momento de trabalhar, esse é o momento de governar; eleição nós discutiremos adiante’, ou seja, no segundo semestre do ano eleitoral”, disse Lavareda.

O cientista político observa que, por outro lado, Bolsonaro adotou a “estratégia equivocada” de, desde a posse como presidente, de misturar o exercício do mandato com o projeto de reeleição. “Bolsonaro fez isso, provavelmente, porque ele conseguiu se eleger em 2018 por conta de uma campanha longa, que ele iniciou em 2015. Então ele quis se mirar também um pouco no evento do (ex-presidente dos Estados Unidos Donald) Trump e transformar o governo dele, a presidência dele, na cadeira presidencial, como uma campanha permanente.

Ao que parece, isso tem sido uma estratégia equivocada, com consequências negativas”, disse o cientista político. O analista acrescenta que, “do ponto de vista psicológico, é como se o presidente encurtasse o mandato dele, porque quando ele coloca a questão da reeleição ele eleitoraliza todas as ações do seu mandato, trazendo desconfiança aos eleitores, além de acabar legitimando os seus adversários”.

Quanto aos pré-candidatos de centro, o cientista político considera que eles deveriam se expor mais na mídia, principalmente pelo fato de terem assinado um manifesto. Ele se refere a um documento em defesa da democracia, divulgado em abril por João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Ciro Gomes (PDT), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), o apresentador Luciano Huck e o empresário João Amoêdo (Novo). O texto traz críticas às repetidas ameaças de Bolsonaro à estabilidade democrática.

“A minha posição, já a expressei publicamente, é que, por exemplo, esses pré-candidatos do chamado centro deviam se expor à mídia. A mídia deveria convidá-los para debates entre eles. Eles já assinaram um manifesto. Por que a mídia não os chama para um debate, pela internet? Mas um debate mesmo. Não há nenhum impedimento legal para isso”, sugeriu Antônio Lavareda.

Para o cientista político André Pereira César, da Hold Assessoria Legislativa, Bolsonaro “está pagando o preço pela opção que fez de não descer do palanque” após vencer as eleições de 2018. “Quem antecipou toda essa discussão eleitoral foi o Bolsonaro, lá atrás, ainda em 2019, muito antes da pandemia. Nessa época os atores políticos ainda estavam estudando o terreno, tentando entender o novo governo.

Bolsonaro precisará se reinventar em 2022
Imagem: estadao.com.br

E quando o presidente fez isso, os adversários foram levados a se colocar, porque política não comporta vácuo”, disse. De acordo com o especialista, com Lula, Doria e outros possíveis candidatos em 2022, Bolsonaro vai encontrar um time bem mais forte do que enfrentou em 2018.  “Não só é um grupo mais pesado, como é também um time que, hoje, entende mais o jogo. Primeiro, todo mundo agora conhece Bolsonaro”.

“O presidente não é mais novidade, e se mostrou fraco na gestão, ele é um péssimo gestor público, um péssimo homem de relacionamento com quem importa nas elites políticas e econômicas. Além disso, quem perdeu a eleição de 2018, como Ciro Gomes, não vai repetir os erros e deve fazer uma campanha muito diferente”, disse o cientista político.

“Quem antecipou toda essa discussão eleitoral foi o Bolsonaro, lá atrás, ainda em 2019, muito antes da pandemia. Nessa época os atores políticos ainda estavam estudando o terreno, tentando entender o novo governo”, finalizou Pereira César sobre o auxílio emergencial.

terça-feira, 6 de abril de 2021

Como a volta de Lula afeta as negociações por uma candidatura unificada do centro

 

Com 4 ou 5 possíveis candidatos, será preciso decidir qual a melhor opção para a próxima eleição


Rodrigo Glejzer

Fonte: gazetadopovo.com.br

Em: 16.03.21 


Em articulação desde o ano passado, uma possível candidatura unificada de centro começou a ser rediscutida com a possibilidade de o ex-presidente Lula (PT) entrar na disputa pela Presidência. Nos últimos dias houve acenos de possíveis presidenciáveis de que eles podem até mesmo renunciar à candidatura para apoiar um nome mais viável. Mas outros pré-candidatos caminharam no sentido oposto.

As conversas vinham sendo mantidas por lideranças do PDT, PSB, Rede, PV, PSDB, DEM e Cidadania para evitar a possível polarização entre PT e o presidente Jair Bolsonaro, que agora tende a se acentuar.

Até então, nomes como os de Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Sergio Moro (sem partido) e Luciano Huck (sem partido) vinham sendo cotados como opção para essa terceira via unificada. A aposta dos defensores da unificação era de que, com um candidato único, fosse possível vencer o candidato do PT no primeiro turno, que até então era Fernando Haddad, para ir para o segundo turno contra Bolsonaro.

Mas a ideia de unificação nunca havia avançado de forma mais concreta. E nem mesmo todos os partidos que defendiam a proposta conversavam entre si. Até mesmo porque as pesquisas indicavam que, mesmo sem unificação, um nome do centro poderia ir para o segundo turno.

Em 5 de março, três dias antes de Lula recuperar os direitos políticos por decisão do ministro do STF Edson Fachin, levantamento do Instituto Paraná Pesquisas mostrou que Bolsonaro liderava as intenções de voto com 31,9%. Os demais vinham embolados na sequência: Sergio Moro (11,5%); Fernando Haddad (10,5%); Ciro Gomes (10%); Luciano Huck (8%); João Doria (5,3%); Guilherme Boulos (3,2%) e por último João Amoêdo (2,8%).

Ex-presidente Lula deve ser um dos principais adversários do centro
Imagem: youtube.com

                                            

Mas a entrada de Lula enfraquece a competitividade dos candidatos de centro e muda o cenário político. Segundo esse o levantamento da Paraná Pesquisas, Bolsonaro manteve a vantagem com 32,2%, mas Lula aparecia isolado na segunda posição com 18% das intenções de voto. Os dois eram seguidos por Sergio Moro (11,6%); Ciro Gomes (8,7%); João Doria (5,3%); Guilherme Boulos (3,5%); João Amoêdo (3%) e por último Henrique Mandetta (1,4%). Luciano Huck não entrou neste cenário.

Dois dias depois da decisão de Fachin, outro levantamento, encomendado pela CNN Brasil ao Instituto Real Time Big voltou a mostrar que o ex-presidente Lula se mantinha isolado na segunda posição com 21% (Bolsonaro liderava com 31%). Atrás de ambos, houve um empate técnico no terceiro lugar entre quatro candidatos: Sergio Moro (10%), Ciro Gomes (9%), Luciano Huck (7%) e João Doria (4%).

Temendo a polarização entre Bolsonaro e Lula, articuladores da frente de centro já se movimentam para tentar antecipar a definição de um nome do grupo.

Mesmo assim, por enquanto há inclusive incerteza se a articulação vai dar resultado para a escolha de um único nome ou se o centro terá uma série de candidaturas pulverizadas. Por enquanto, a unificação é improvável. A chance maior é de haver pelo menos duas candidaturas nesse segmento: uma de centro-direita e outra de centro-esquerda.

Doria admite que pode desistir, mas aliados apostam que ele será viável do centro

No fim de semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), admitiu que pode abrir mão de sua candidatura a presidente para disputar a reeleição ao governo paulista – algo que também havia sido feito recentemente por Luiz Henrique Mandetta (DEM).

No meio político, a declaração de Doria foi vista como um reconhecimento de que, se ele não melhorar o desempenho nas pesquisas, será melhor apoiar outro nome com mais viabilidade eleitoral.

Mas interlocutores de Doria ainda não descartam sua candidatura ao Planalto. Eles afirmam que o governador paulista seria hoje o único nome com discurso pronto para ganhar o voto dos "40% nem-nem" – proporção de votos válidos que os tucanos estimam que não votariam nem em Lula, nem em Bolsonaro.

“O Doria é hoje o nome que rivaliza com o Bolsonaro e sempre esteve longe do petismo. Além de ter a imagem de pessoa que conseguiu uma vacina contra a Covid-19 para o Brasil”, argumenta um aliado de João Doria.

Como vice, o PSDB sonha com Luiz Henrique Mandetta (DEM), ex-ministro da Saúde. “A questão da pandemia vai dominar o discurso de 2022. Doria tem a cartada da vacina enquanto Mandetta tem a popularidade e o reconhecimento da sociedade como ministro que quis conduzir a pandemia de forma diferente no Brasil”, explica outro integrante do PSDB.

Porém, Doria precisa vencer a disputa interna dentro do próprio PSDB pela sua candidatura. O partido marcou para outubro a definição de quem será o candidato tucano. A prévia interna deve ser entre o governador de São Paulo e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

João Dória ainda não sabe se continuará com a ideia de ser presidente em 2022
Imagem: poder360.com.br
                                                                              

Luciano Huck ainda não sabe se será candidato

Já lideranças de outros partidos como Cidadania, PV e PSB querem o apresentador de TV Luciano Huck como opção de terceira via. Huck, contudo, ainda vive o dilema de escolher entre largar a carreira artística para embarcar na carreira política.

Logo após da decisão que favoreceu Lula, Huck chegou a alfinetar o petista ao afirmar que “figurinha repetida não completa álbum”. Dias depois, em artigo publicado no jornal britânico Financial Times, o apresentador de TV citou a forma como o ex-presidente causou uma reação negativa no mercado financeiro.

Além disso, o possível presidenciável voltou a criticar a gestão de Bolsonaro na crise sanitária e na proteção do meio ambiente e o episódio de interferência do presidente brasileiro na Petrobrás. Internamente, os aliados afirmam que Huck quis expor para o mercado global a polarização causada por Bolsonaro e Lula.

Huck terá que escolher entre a carreira artística ou política
Imagem: investificar.com.br

Moro está enfraquecido até mesmo para quem o apoia

Nome dos sonhos do Podemos para disputar a Presidência em 2022, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro vive hoje seu momento de menor prestígio político devido os desgastes da operação Lava Jato. Além do episódio de nulidade dos processos de Lula determinada por Fachin, Moro corre o risco de ser considerado suspeito no julgamento do ex-presidente petista pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O caso foi retomado pela Segunda Turma do STF na semana passada e, até o momento, o placar está empatado em dois a dois. O voto decisivo será do ministro Kassio Nunes Marques, indicado ao tribunal pelo presidente Jair Bolsonaro e que já admitiu nos bastidores que pode votar contra Moro. Neste momento o julgamento está interrompido por um pedido de vista feito por Marques e não há previsão de ser retomado.

Moro sempre negou a intenção de disputar a Presidência. Mas, ainda assim, tinha defensores dessa ideia no meio político. Agora, contudo, até mesmo essas lideranças veem que ele está enfraquecido para ser candidato.

“Ele poderá influenciar na disputa ao se posicionar como apoiador de determinado candidato para 2022. Quem ele apoiar deverá receber o voto dos 'lavajatistas'. Com todo esse imbróglio no STF, ficou inviável o nome de Moro”, admite um integrante do Podemos.

De herói a vilão, Moro vê sua candidatura em risco
Imagem: folhavitoria.com.br


PDT de Ciro Gomes "esnoba" outros partidos de centro

Pré-candidato desde que ficou em terceiro lugar na disputa de 2018, Ciro Gomes (PDT) tem afirmado que não pretende renunciar a sua candidatura. Pelo contrário, segundo interlocutores, o pedetista tem admitido que a chegada de Lula o favorece na construção de suas alianças.

Até o momento, no campo da esquerda o pedetista conseguiu apenas a sinalização de apoio da ex-senadora e ex-candidata à presidência Mariana Silva, do partido Rede Sustentabilidade. Outras siglas como PSol e PCdoB, por exemplo, seguem mais alinhadas com o PT.

Ciro chegou a cogitar uma aliança com os partidos de centro-direita. No entanto, o presidente do PDT, Carlos Lupi, afirma que os demais nomes foram eliminados. “Essa volta do Lula abre um espaço para o Ciro. O ódio vai se nutrir na campanha entre Lula e Bolsonaro e, por isso, elimina de cara a candidatura de Luciano Huck e Sergio Moro”, afirma Lupi.

O líder pedetista ainda afirma que Ciro Gomes deverá crescer no campo da centro-esquerda. “O Ciro vai crescer e vamos fazer uma aliança de centro-esquerda. Acredito que assim ele pode furar essa polarização”, completou.

O PDT de Ciro Gomes não parece disposto a fazer alianças no Centro
Imagem: noticiasaominuto.com.br


Lula x Bolsonaro: centro tem chance de emplacar uma terceira via

Parlamentares e especialistas têm dúvidas sobre a capacidade do centro de conseguir chegar a um nome de consenso


Rodrigo Glejzer

Fonte: exame.com

Em: 10.03.21


A possibilidade de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja candidato à presidência da República em 2022 foi comemorada por parte da esquerda, criticada pela direita, mas, pelo menos para uma parcela do centro, trouxe a esperança de emplacar uma candidatura “moderada”. Parlamentares acreditam que a polarização abre margem para uma terceira via se consolidar, mas não têm certeza se essa oportunidade será aproveitada.

“Acho que cria espaço para centro. Se o setor mais moderado tiver sabedoria, pode encontrar alguém que ocupe esse lugar”, acredita o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), primeiro vice-presidente da Câmara. A entrada de Lula na arena acirra os ânimos e evidencia a polarização política, mas não resume o jogo, acredita. “O Brasil inteiro não cabe em Lula ou Jair Bolsonaro. A maioria está no meio”, pondera.

O problema, na visão de Ramos, é que o centro não tem programa consolidado nem um nome definido. “Se conseguir chegar a um consenso, acho que tem ambiente para crescer. Desde que se parta da premissa de que é preciso ter um programa de centro, um programa moderado para o país, Mas ninguém hoje tem isso”, observa o deputado do PL.

                                       
Bolsonaro e Lula devem ser os principais adversários do centro
Imagem: professorrafaelporcari.com

A percepção dele é compartilhada por especialistas. Para o analista político Thiago Vidal, da consultoria Prospectiva, mesmo que se abra uma oportunidade, o centro precisaria resolver muitos problemas antes de conseguir viabilizar uma candidatura. Com quadros divididos e ainda sem um nome forte, o cenário atual não aponta para o lançamento de um candidato capaz de concorrer com Lula ou Bolsonaro.

“O ingresso de Lula no xadrez, em um primeiro momento, abafa o centro, por uma razão simples: o centro está muito desorganizado, muito fragmentado e não possui atores que estejam minimamente à altura onde Bolsonaro e Lula estão em termos de competitividade eleitoral”, diz Vidal. Para ele, é clara a desorganização na busca pela almejada terceira via. "Mas ainda tem muito tempo pela frente e tudo pode mudar", pondera.

Para o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), um dos problemas é justamente a pulverização. Se houver um número grande de candidatos concorrendo ao posto de “candidato do centro”, fica mais difícil emplacar um nome. “É evidente que tem um campo de eleitores que não quer nem Bolsonaro, nem Lula. Quem conseguir representar essa parcela da população pode agregar. Isso pode acontecer, mas depende muito de diminuir o número de candidatos”, acredita.

Líder do DEM na Câmara, o deputado Efraim Filho (PB) acredita que a entrada de Lula no cenário, ao mesmo tempo que fortalece o quadro de polarização, provoca as forças mais ao centro a se unirem para viabilizar uma candidatura competitiva. "Acho que essa situação gera um impulso que, por enquanto, não havia acontecido ainda", diz. A esperança é que haja um consenso em torno de uma opção de centro, não uma série de candidaturas. 

Doria, Huck e Ciro são alguns dos principais nomes para a terceira via
Imagem: portaltucumã.com.br
                                                                            

Mesmo com as dificuldades, Efraim considera que “foi melhor ter acontecido agora do que daqui um ano”, sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin de anular as condenações contra Lula feitas pela 13º Vara Federal de Curitiba. Com isso, segundo o deputado, “dá tempo para se organizar e trabalhar com a sociedade a ideia de criar uma alternativa moderada, equilibrada e com ideias diferentes”.“Há nomes que podem se organizar, mas é preciso competência para isso”, avalia Efraim. O cientista político André Pereira César, da Hold Assessoria Legislativa, lembra que essa busca não é fácil e não é de agora. “Para dar certo, o centro teria que acelerar um processo que já era de difícil entendimento”, aponta. A movimentação atual, segundo ele, não é nesse sentido. “Sinceramente, não vejo uma terceira via ganhando força. Precisaria achar um projeto, um discurso”, aponta.

Em um espaço onde surgem possibilidades de Luciano Huck a Sergio Moro, César acredita que, se os partidos de centro tiverem alguma chance, será pelas vias mais tradicionais: PSDB ou PSD, por exemplo. Com a volta de Lula, os tucanos já aceleraram a discussão e marcaram para 17 de outubro as prévias para definir o candidato à presidência em 2022. Dois pleiteantes são os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Segundo um parlamentar do PSDB, o ideal é definir o nome o quanto antes, para começar a campanha antecipadamente. “É urgente entrar agora no jogo, já com um programa, para que as pessoas saibam que há uma opção no meio”, afirma. No atual cenário, com o inimigo número de Bolsonaro de volta, Doria perde força, acredita Vidal. O posto de principal antagonista está ocupado.



Joaquim Barbosa e Danilo Gentili são citados como opções de terceira via em 2022

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