sábado, 12 de junho de 2021

Encontro de FHC e Lula desagrada articuladores de "terceira via" contra Bolsonaro

Ex-presidentes agitam política nacional com foto juntos

Rodrigo Glejzer

Fonte: noticias.yahoo.com, brasil.elpais.com e correiobraziliense.com.br

Em: 24/05/2021

 

Encontro histórico entre os ex-presidentes
Imagem: diariodocomercio.com.br

A foto dos dois ex-presidentes juntos foi compartilhada nas redes sociais do petista por sua assessoria. A postagem revela que a articulação do encontro foi do ex-ministro Nelson Jobim: “A convite do ex-ministro Nelson Jobim, o ex-presidente Lula e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se reuniram para um almoço com muita democracia no cardápio”.

“Os ex-presidentes tiveram uma longa conversa sobre o Brasil, sobre nossa democracia, e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia”, relatou a equipe de Lula. Os dois não se encontravam desde 2017, quando Fernando Henrique foi ao hospital visitar Marisa Letícia, ex-primeira-dama. A postagem correu como pólvora no dia, ainda mais com um público órfão da principal atração política do momento, a CPI da Pandemia que encurrala, pelo menos midiaticamente, o Governo Bolsonaro.

“Nossas diferenças são muito menores do que o nosso dever histórico de derrotar Bolsonaro”, escreveu o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), e um dos atraídos para renovada galáxia de Lula. “É hora de dialogar e construir consensos, porque o que está em jogo é a democracia e a vida dos brasileiros. Parabéns a Lula e FHC pelo gesto de grandeza e responsabilidade com o país”, seguiu. A interpretação de Freixo é a mais óbvia: a aproximação pode sanar um problema de todos os ensaios de “frente ampla” contra Bolsonaro.

Não havia os dois líderes em nenhum dos movimentos que surgiram até agora. FHC, no entanto, teve que lidar com um efeito colateral do seu gesto em seu próprio partido, o fraturado PSDBO encontro contrariou políticos que tentam viabilizar uma “terceira via” contra Jair Bolsonaro na eleição de 2022. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, uma das lideranças envolvidas no diálogo entre as diversas forças de centro e centro-direita diz que o PSDB precisa ir para o divã resolver suas questões. Alguns deles culpam o ex-ministro Jobim, que recebeu os dois em sua casa, de ter agido de má-fé ao promover a reunião sabendo que FHC, sendo de “boa-fé”, não recusaria.

A legenda, afirmou o PSDB à publicação do Yahoo, tem hoje três pré-candidatos, porém o mais viável deles, o governador de São Paulo João Doria, aparece com 3% nas pesquisas. O grupo de pré-candidatos ainda inclui o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o ex-ministro Ciro Gomes, o fundador do partido Novo, João Amoedo, e o apresentador Luciano Huck. A sexta-feira (21) foi de reação dos aspirantes a candidato tucano à presidente no ano que vem, o governador de São Paulo, João Doria, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Diretório do PSDB em polvorosa por causa do encontro
Imagem: psdb.org.br 

O mandatário gaúcho foi explícito: “Conversar com todos é premissa de quem deseja o fim do ‘nós contra eles’. Mas eu não aceito que o Brasil ande pra trás. Confio que Fernando Henrique Cardoso também não”. Ato seguido, o ex-presidente tucano teve que ir às redes se explicar: “PSDB deve lançar candidato próprio e o apoiarei”. Se a sigla, que teve a pior performance em uma presidencial em 2018 com Geraldo Alckmin, não avançar para o mata-mata eleitoral, aí FHC aperta 13 na urna, ele insistiu. A chateação pública dos tucanos explicita um problema evidente desde que o ex-presidente Lula recuperou os direitos políticos entre março e abril, quando o STF deu uma guinada em seu posicionamento e anulou as condenações do petista no âmbito da Operação Lava Jato. 

Lula começa a demonstrar fortaleza nas pesquisas (desde a liderança do petista em um eventual segundo turno, como no levantamento do Atlas, até a ampla dianteira que aparece nos últimos dados do Datafolha). Com o ex-presidente de novo no páreo e com Bolsonaro ainda demonstrando notável resiliência entre sua base, ficou reduzido o espaço para novos nomes de “centro” —entre aspas, porque a maioria são nomes de direita, numa posição relativa ao extremo do atual mandatário.

Nas atuais pesquisas, tomadas com um grão de sal pela distância do pleito, em outubro de 2022, nenhum nome desse “centro” ou nem-nem (nem Lula nem Bolsonaro) desponta. Como mostrou a pesquisa Atlas para o EL PAÍS, o governador Doria não decola nem mesmo no Estado que governa e apesar de seu bem-sucedido papel na campanha de vacinação contra a covid-19. Andrei Roman, CEO do Atlas, vê em Leite, no entanto, um potencial como efeito surpresa, dado que não é conhecido no país e não tem rejeição para unir as forças de centro contra a polarizaçãoÉ neste contexto que a eleição presidencial, até o momento, se configura como batalha das rejeições. Quem é maior: o antipetismo, como em 2018, ou o antibolsonarismo?

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